1. |
não queres entrar
04:15
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tenho medo de ficar à espera
vi um dedo que afinal não era
a apontar pra mim
não foi bem assim
sempre que não olhas
parece que demoras
a perceber o que eu digo
e eu só olho para o meu umbigo
não queres entrar
não queres sair
mas tens medo que eu queira ir
subir
tenho medo de ficar à espera
vi um dedo que afinal não era
a apontar pra mim
ainda disse que sim
mudei de ideias
porque é que ainda te chateias
se vou atrás de ti
pra te contar o que é que eu vi
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2. |
deserto
03:47
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o sol queimava e eu não soube dizer
se era eu que não andava
ou se a sombra já lá não estava
a chuva caía e eu não consegui saber
se era eu que não me mexia
ou se a casa já não existia
e agora o que é que resta
tenho um deserto na testa
e perdi o nome
noutra floresta
o vento voltava e nada fazia prever
que o que o vento assobiava
era o nome que eu não encontrava
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3. |
canção para dizer
03:27
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sujas-me a boca
e eu caio no chão
não estou louca
perdi o meu coração
canto o que sinto
só já não sei o que sentir
dizes que minto
e não consigo sair
sou a mais fraca
quanto tento ser alguém
o medo ataca
e eu já não faço nada bem
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4. |
filtros de canela
04:03
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um dia vou acordar
e vou entrar na outra porta
que esta já está torta e eu
agora quero dançar
faz-me uma serenata
que eu enrolo-te um cigarro
com um filtro de canela
um dia vou acordar
e vou entrar na outra porta
que esta já está torta e eu
agora quero dançar
enrola-me um cigarro
com um filtro de canela
que eu faço-te uma serenata
um dia vou acordar
e vou entrar
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5. |
uma laranja no bolso
02:06
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tinha uma laranja no bolso
dá-me um gomo
disseste tu
mas eu disse que não
não te vou dar nem um
entrei num comboio para lado nenhum
a laranja caiu
e saiu
do outro lado
estavas tu
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6. |
grão a grão
03:54
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há dias que eu queria saber moldar
em vez de deixar só passar
já deixei o barco no meio do mar
voltei a pé para o meu lugar
e também não acabei a canção
que deixei por acabar
dizia não saber dizer
e ainda estou a aprender
há uma casa no meio do pinhal
a minha mãe contava que era feita de sal
grão a grão
e falta sempre a outra parte da história
deve ser porque não há memória
foi num dia de verão
levei um leque pra escola
e há dias que eu queria saber moldar
em vez de deixar só escorregar
e dizia não saber dizer
e ainda estou a tentar saber
há uma casa no meio do pinhal
a minha mãe contava que era feita de sal
grão a grão
como a minha canção
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7. |
mulher lebre
02:49
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a mulher lebre hoje não vem
apanhou febre e não está bem
e apanhou-a de alguém
mas não se sabe de quem
e agora vais-te esconder
e quem te viu a correr
sabe responder
e para onde tu vais
quantas hão-de ir mais
mulher ou lebre
a fugir de uma febre
que afinal não tem
ah quem tomar conta de ti
vai saber que fui eu que fugi
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8. |
caiu no chão
02:48
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era tudo tão são
antes de cair no chão
eu caí
eu morri
eu fiquei sem ti
caiu no chão
caiu no chão
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9. |
nada igual
03:45
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não foi tudo como eu queria
mas também
já tanto fazia
se eu não sei bem quem eu era
e se sabia
foi noutro dia
eu era outra eu outra vez
e já nada é igual
nada igual
perdi-me de mim
no caminho para aqui
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10. |
as minhas gavetas
04:31
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um verde parado no tempo
que as pessoas são baús
e as camisolas guardam o cheiro
das gavetas
vi dois cometas
pássaros mais raros
uma pedra numa caixa
que as memórias são flores de canteiro
e as plantas secam
no meio dos livros
dei uma pirueta
noutro dia mais violeta
deitei-me no chão
e fiz desenhos na parede
sempre que não sei
tenho mais sede
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11. |
para o outro lado
04:51
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e mesmo que te apeteça
não percas a cabeça
deixei o tempo passar
não foi por isso que deixei de andar
agora quero voltar a cantar
atirei as luvas ao rio
agora já não tenho frio
ficou tudo mais vazio
dormir quente
acordar à tua frente
não queria que fosse assim
queres tomar conta de mim
e mesmo que te apeteça
não percas a cabeça
que eu já não tenho frio
fugiu tudo no rio
a culpa não é tua
e eu já não sei nada da lua
quente nas mãos
frio na rua
dorme deitado para o outro lado
e dormes deitado para o outro lado
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sallim Lisbon, Portugal
Artist
Singer
Writer
Weaver
CAFETRA
RECORDS
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